Afinal o que é ser normal? Quais os critérios para se considerar uma pessoa anormal? Qual é o padrão de normalidade? Este é um assunto delicado, diria até ousado. A deficiência está nos olhos de quem vê, ou no tamanho do preconceito que se tem. Nós, pessoas com deficiência, precisamos matar um leão todo dia para mostrar o quanto somos capazes. Capacidade não se mede no modo como a pessoa anda, vê, fala,ou escuta. E não é só no mercado de trabalho, já ouvi depoimentos em que a exclusão e rotulação, começa em casa no ambiente familiar. A própria família faz da pessoa com deficiência, um ser ineficiente.
Podam tanto o indivíduo, que acabam limitando mais do que as próprias limitações já existentes, limitam suas eficiências, não permitindo o seu desenvolvimento. O que é um erro!
O primeiro passo para toda família é tratar a seqüela, dar o devido cuidado em cada caso. Depois procurar dar o suporte suficiente para que haja o desenvolvimento físico e intelectual desta pessoa, de acordo com a sua realidade.
Os tabus e preconceitos muitas vezes desqualificam a pessoa, porque acabam bloqueando a real capacidade que se tem de produzir e contribuir voluntariamente. Costumo dizer que Deus me presenteou com uma família abençoada e valente, que nunca me deu moleza não.rsrsrsrsrsrsrs.
Nunca estudei em escolas "especiais", nada contra, que isto fique claro como água.
Mas no meu caso foi o ponto crucial, para que eu estivesse dentro de um contexto diferente do meu cotidiano. A minha percepção era o tempo todo, todo dia, aguçada a fazer o que as outras pessoas à minha volta faziam, embora, também percebesse que em muitas situações, estava limitada a não realizar determinadas tarefas, foi o que me deu a noção de adequar as atividades, às minhas capacidades, sem constrangimento algum.
Devido a tratamentos e cirurgias fui alfabetizada em casa, quando fui para a escola, a minha faixa etária era mais elevada, isso não foi positivo, não tinha muita paciência com a discrepância de idade,não era muito grande a diferença, mas sempre era a mais velha da turma e tinha algo incomum( a forma de caminhar)essa diferença me deixava meio que a margem das circunstâcias, com o passar dos anos fui superando isso também.
Mas acabou dando tudo certo! Cumpri todas as turmas de ensino fundamental e médio, levei bomba também; até nisso fiz questão de estar na igualdade. Rsrsrsrsrsrsrsr.Brincadeira!!!!!!!!! Quero dizer que fiz tudo igual a qualquer pessoa,reprovar foi infoetúnio mesmo, queria ter pulado esta parte, mas sobrevivi. Hoje aos 35 anos, estou formada em gestão de pessoas, e realizada por ter conseguido retribuir para os meus pais, irmãs, filho e amigos todo o apoio que recebi.
Pessoas que nunca me colocaram em uma redoma, nunca me limitaram a nada, em muito contribuíram para que literalmente pudesse caminhar sempre em frente, quando eu dizia que não podia, eles diziam que eu podia sim e que iria em frente. Um forte abraço a todos que fizeram e farão sempre parte desta conquista!!
Tarciana Marinho.